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2012 - Livro Vermelho 2013

Jacaratia spinosa (Aubl.) A.DC. LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 02-10-2012

Criterio:

Avaliador: Luiz Antonio Ferreira dos Santos Filho

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Jacaratia spinosa conhecida popularmente por "Jacaratiá" e "Mamão-do-mato", caracteriza-sepor árvores, terrícolas, perenifólias, dióicas, apresenta síndrome depolinização fanelofílica e dispersão zoocórica. Não endêmica do Brasil. Ocorrenos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, neste último em florestaestacional semidecidual. Apresenta EOO de 6.167.073,163 km². Amplamentedistribuída em território nacional. Protegida por diversas unidades deConservação (SNUC). Apesar de seus frutos serem utilizados para fins alimentares, e possuirampla distribuição na Mata Atlântica, bioma intensamente antropizado, não hánenhuma ameaça direta que a coloque em alguma categoria de ameaça. Suadistribuição disjunta e pontual entre Estados brasileiros possivelmente levaráa categorias de ameaça em avaliações regionais. Não ameaçada no âmbitonacional.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Jacaratia spinosa (Aubl.) A.DC.;

Família: Caricaceae

Sinônimos:

  • > Jacaratia dodecaphylla ;
  • > Carica dodecaphylla ;
  • > Carica spinosa ;
  • > Papaya spinosa ;
  • > Jacaratia actinophylla ;
  • > Jacaratia dodecaphylla var. lucida ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Fl. Bras. 13(3): 191. 1889. Nomes populares: "Jaracatiá" (Saravy et al., 2003), "Mamão-do-mato" (Battilani, 2005).

Dados populacionais

Em estudo fitossociológico em trecho de mata ciliar do Rio da Prata, município de Jardim, no Estado do Mato Grosso do Sul, foram amostrados 4 indivíduos em uma área de 0,9ha (Battilani et al., 2005). Em levantamento das espécies presentes no estrato superior na Estação Ecológica dos Caetetus, município de Galia, em São Paulo, foram amostrados 3 indivíduos em uma área de 0,6ha (Durigan et al., 2000). Em levantamento fitossociológico em Reserva de Floresta Estacional Semidecídua, na Fazenda Canchim, no município de São Carlos, em São Paulo, foram amostrados 10 indivíduos em uma área de 1ha (Silva; Soares, 2002).

Distribuição

Ocorre no Estado do Pará, Acre, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Lleras, 2012; Durigan et al., 2000; Silva; Soares, 2002; Borghi et al., 2004).

Ecologia

Caracteriza-se por árvores (Battilani et al., 2005); apresenta dispersão zoocórica (Saravy et al., 2003); dióica (Trabaquini et al., 2007); polinização por falenofilia (Piratelli, 1993), também polinizada em menor intensidade por borboletas, pompilídeos e abelhas (Pirattelli et al., 1998).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Ao final do século XIX, as florestas nativas do Estado do Paraná originalmente cobriam mais de 80% do seu território, mas durante o século passado foram reduzidas progressivamente. Entre as diferentes regiões fitoecológicas paranaenses, aquela sob o domínio da Floresta Estacional Semidecidual foi a mais antropizada, correspondendo atualmente a menos de 4% de sua superfície original (Trabaquini et al., 2007).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes No Estado do Rio Grande do Sul, odesmatamento dos bosques naturais, especialmente da Floresta Estacional e daMata dos Pinheiros, é uma das consequências do modelo de desenvolvimento quesempre buscou novas fronteiras agrícolas e novas áreas para cultivo, promovendoo plantio até a borda dos cursos d'água, com perda de vegetação ciliar, eimplicando no uso de adubos químicos de alta solubilidade e na aplicação deherbicidas e pesticidas. A consequência imediata da retirada da coberturavegetal foi a maior fragmentação dos ecossistemas e o aumento do processo erosivo.A longo prazo, tal situação levou a sérios problemas associados, como perda dacapacidade produtiva das terras, redução nas colheitas, degradação física,química e biológica dos solos, aumento no custo de produção, assoreamento dosrios e reservatórios, redução na qualidade e disponibilidade da água, aumentono custo de tratamento e danos à vida aquática. O domínio da Mata Atlânticaocupava, originalmente, cerca de 13 milhões de hectares (50% da superfície doEstado), tendo atualmente remanescentes de mata e Restinga que atingem apenas600.000 hectares, aproximadamente, 5% da cobertura original. Outra consequênciadireta do desmatamento abusivo tem sido o desaparecimento gradativo de espéciesvegetais de valor econômico e ecológico, das quais se destacam o pinheirobrasileiro, (Araucaria angustifolia), as canelas (Nectandra spp.),os angicos (Parapiptadenia rigida), os cedros (Cedrela fissilis),as grápias (Apuleia leiocarpa), as imbuias (Ocotea porosa), etc.O ecossistema campos, em área limítrofe com a Argentina e com o Uruguai, vemsofrendo forte descaracterização em função da utilização intensiva paraatividades agropecuárias e com o incremento do uso de espécies vegetaisexóticas para melhorar as pastagens naturais. Este processo destrói ascaracterísticas naturais do ecossistema campo, colocando-as em risco decompleta eliminação, apesar de sua importância ecológica. Cabe ressaltar anecessidade de serem adotadas soluções conjuntas, pois alguns desses locaisformam corredores ecológicos. Nas áreas de restinga, junto ao Litoral do Estado do RS, há situações bastante distintas em função de influênciasantrópicas e relativamente ao seu estado de conservação, no que se refere aosaspectos da biodiversidade. O Litoral-Norte, que tem estreita relação com osremanescentes da Mata Atlântica, teve forte perda de suas característicasnaturais, motivadas por urbanização, além de outros fatores antrópicos de menorintensidade. No Litoral Médio e no Litoral Sul, há uma ocupação principalmentecom agricultura extensiva e cultivos de florestamentos com espécies exóticas(principalmente Pinus spp.), embora nesses locais situem-se os doisprincipais redutos de importância global do estado: Parque Nacional da Lagoa doPeixe (sítio Ramsar, situado no Litoral Médio) e Estação Ecológica do Taim (noLitoral Sul). A Estação faz parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e doSistema Lagunar da Lagoa Mirim, na fronteira com a República do Uruguai,situada junto à Reserva da Biosfera de Bañados del Este. Nas duas áreas,além da introdução de espécies exóticas, ocorre intensivo uso das áreas deentorno para cultivo de arroz irrigado. Aqui se salienta uma ameaça que vem seincrementando mais recentemente: a utilização de áreas para aquicultura, compeixes/crustáceos exóticos, colocando-se em risco a rica diversidade biológicanativa regional (e, nesse caso, internacional) (Margareth et al., 2005).

Ações de conservação

4.4.3 Management
Observações: Espécie ocorre em unidades de onservação (SNUC): Estação Biológica de Santa Lúcia e Reserva Florestal da Companhia Vale do Rio Doce, no Estado do Espírito Santo; Parque Municipal Peroba Rosa, Estação Ecológica do Caiuá, Parque Estadual de Vila Rica do Espírito Santo, Parque Nacional do Iguaçú, Parque Estadual da Mata dos Godoy, Parque Municipal Arthur Thomas e RPPN Mata São Pedro, no Paraná; Parque Nacional dos Tapajós, no Pará; Estação Ecológica do Paraíso, Parque Nacional do Itatiaia, Reserve Biológica do Tinguá, no Rio de Janeiro, Estação Ecológica de Paulo de Faria e Parque Estadual da Serra do Mar, em São Paulo (CNCFlora, 2011).

1.2.1.3 Sub-national level
Observações: Espécie considerada "Vulnerável" (VU) pela Lista vermelha do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002).

1.2.1.3 Sub-national level
Observações: Espécie considerada Rara pela Lista vermelha da flora do Paraná (SEMA/GTZ-PR, 1995).

Usos

Referências

- BATTILANI, J.L.; SCREMIN-DIAS, E.; SOUZA, A.L.T. Fitossociologia de um trecho da mata ciliar do rio da Prata, Jardim, MS, Brasil., Acta Botanica Brasilica, v.19, p.597-608, 2005.

- TRABAQUINI, K.; MIGLIORANZA, E.; FRANÇA, V.; VIEIRA, A.O.S. Análise espacial de fragmentos florestais com ocorrência de Jaracatiá no norte do Paraná - Brasil., Revista Ra'E Ga, Curitiba, Universidade Federal do Paraná, n.14, p.193-203, 2007.

- PIRATELLI, A.J.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; GANDARA, F.B. ET AL. Biologia da polinização de Jacaratia spinosa (Aubl.) Adc. (Caricaceae) em mata residual do sudeste brasileiro., Revista Brasileira de Biologia, v.58, p.671-679, 1998.

- MARGARETH,V; COLLE, C.; CHOMENKO, L. ET AL. Projeto Conservação da Biodiversidade como fator de contribuição ao desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul - Diagnóstico das Áreas Prioritárias., 2005.

- PIRATELLI, A.J. Comportamento alimentar de beija-flores em flores de Inga spp. (Leguminosae, Mimosoidae) e Jacarandia spinosa (Caricaceae) em um fragmento florestal do sudeste brasileiro., IPEF (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais), v.46, p.43-51, 1993.

- LLERAS, E. Jacaratia spinosa in Jacaratia (Caricaceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB006682>.

- OLIVEIRA, C.T. Caricaceae. Plantas da Floresta Atlântica. p.212, 2009.

- SARAVY, F.P.; FREITAS, P.J.; LAGE, M.A. ET AL. Síndrome de dispersão em estratos arbóreos em um fragmento de Floresta Ombrófila Aberta e Densa em Alta Floresta - MT., Revista do Programa de Ciências Agro-ambientais, Alta Floresta, p.1-12, 2003.

- DUQUE-BRASIL, R.; TOLENTINO, G.S.; COSTA, F.V. ET AL. Árvores reconhecidas e utilizadas como recurso nas matas secas de Santana da Serra, Capitão Enéas, MG. , 2007.

- CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, RIO GRANDE DO SUL. Decreto estadual CONSEMA n. 42.099 de 31 de dezembro de 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção no estado do Rio Grande do Sul e da outras providências, Palácio Piratini, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 31 dez. 2002, 2002.

- DURIGAN, G.; FRANCO, G.A.D.C.; SAITO, M.; BAITELLO, J.B. Estrutura e diversidade do componente arbóreo da floresta na Estação Ecológica dos Caetetus, Gália, SP., Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v.23, p.371-383, 2000.

- SILVA, L.A.; SOARES, J.J. Levantamento fitossociológico em um fragmento de Floresta Estacional Semidecídua, no município de São Carlos, SP., Acta Botanica Brasilica, v.16, p.205-216, 2002.

- BORGHI, W.A.; MARTINS, S.S.; DEL QUIQUI, E.M.; NANNI, M.R. Caracterização e avaliação da mata ciliar à montante da Hidrelétrica de Rosana, na Estação Ecológica do Caiuá, Diamante do Norte, PR., Caderno Biodiversidade, p.9-18, 2004.

- Base de Dados do Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponivel em: <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/>. Acesso em: 2011.

Como citar

CNCFlora. Jacaratia spinosa in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Jacaratia spinosa>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 02/10/2012 - 17:48:51